Apesar do avanço das pautas feministas, pais ainda acreditam que só as filhas precisam aprender afazeres domésticos

Ainda na primeira infância começam a despontar as diferenças sociais entre meninos e meninas. Elas são bombardeadas com presentes como panelinhas, bonecas e acessórios, sempre ensinadas sobre a imporância de saber cuidar da casa, dos filhos, da aparência. Enquanto isso, os colegas ganham carrinhos, bolas e aprendem as brincadeiras mais radicais.


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Anos depois, com mais autonomia, as meninas começam a assumir responsabilidades dentro de casa, lavando louças, arrumando o quarto e preparando receitas simples. É claro que essas atividades são importantíssimas para formar adultos responsáveis e autossuficientes. Acontece que os meninos são eximidos destas tarefas simplesmente porque a tradição diz que não cabe a eles se envolverem com essa funções. E os pais apenas reproduzem a cultura machista que lhes foi ensinada.

Segundo pesquisa feita pela Plan Internacional feita com adolescentes entre 14 e 19 anos, dentro de casa elas ainda realizam o dobro de trabalhos domésticos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos.
Esta mesma estrutura social que tira tempo de lazer e estudo dessas jovens, incentiva os homens a buscarem esposas que façam todo o árduo e invisível trabalho doméstico. 

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Tanto que na vida adulta. A mulher acaba vendo como natural o fato de ter dupla jornada: trabalha fora de dia, e à noite ainda acompanhar as tarefas escolares dos filhos, dar atenção ao marido e cuidar da administração da casa. Chega a sentir-se culpada quando não consegue dar conta de tudo. E recebe cobranças de todo lado.

A influência chega até a escolha da carreira. A profissão de professor, por exemplo, que é bastante associada ao ato de “cuidar”, é predominantemente exercida por mulheres: hoje, do total de 2 milhões de professores da educação básica brasileira, 1,6 milhão são mulheres. Na educação infantil, há meio milhão de mulheres e apenas 13,5 mil homens.

Já em profissões entendidas historicamente como “masculinas”, a participação da mulher não só é menos valorizada – quase sempre com remuneração mais baixa – como também é discriminada.


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