Associação de Ciclistas Guarani visa criar rota autoguiadas que integrem e desenvolvam a qualidade de vida, turismo e a economia da região de Ribeirão Preto
Unir o bem-estar proporcionado pelo exercício físico com o desenvolvimento econômico e turístico da região de Ribeirão Preto. Essa é a missão da Associação de Ciclistas Guarani, uma organização civil voltada para fomento do ciclismo em todas as esferas, divulgando, promovendo e colaborado com o desenvolvimento cultural, econômico, educacional e esportivo. Não é raro encontrar por Ribeirão Preto grupos de ciclistas que se unem pelo amor ao esporte ou para manterem um estilo de vida mais saudável.
A ideia da associação consiste em dar suporte a essa categoria, mas em um esquema “ganha-ganha”. No qual o benefício concedido ao ciclista se converta em melhorias concretas para toda a sociedade. Por exemplo, participar de reuniões, conselhos e comissões junto ao Poder Público para apresentar, defender e executar projetos técnicos de ciclovias, ciclo-rotas, ciclofaixas e caminhos autoguiados. Assim, seria possível mapear rotas turísticas, bem como incorporar comerciantes e empresários em uma rota que valoriza o comércio local.
Você viu ?
Heloísa Pedrosa comemora um ano de estúdio audiovisual com novos quadros e formatos
Segundo Renato Rodrigues Pereira, empresário e coordenador geral da Associação de Ciclistas Guarani, o projeto foi criado visando suprir uma demanda latente na região.
“Criamos a Associação para que pudéssemos construir rotas de forma horizontalizada e participativa”, explica Renato Rodrigues Pereira, empresário e coordenador geral da Associação de Ciclistas Guarani
“Criamos a Associação para que pudéssemos construir rotas de forma horizontalizada e participativa. Elencamos vários ciclistas com diferentes perfis para que compusessem a administração da Associação tornando-a multidisciplinar e completa. A ideia é ajudar no crescimento das empresas – restaurantes, rede hoteleira, bicicletarias – da região metropolitana de Ribeirão Preto com a passagem de ciclistas pela rota”, explica Renato. Outro objetivo fundamental da Associação é a valorização das belezas naturais de região, com as cachoeiras, florestas, rios, vales e monumentos.
Jian Carlos Framartino, coordenador administrativo da Associação, explica que o projeto tem sido importante para sensibilizar tanto os órgãos públicos quanto a sociedade civil sobre a importância do cicloturismo.
“Preservar as trilhas e fomentar o uso da bicicleta não é apenas uma questão de lazer ou esporte, mas de promover uma mobilidade mais sustentável e fortalecer o comércio local, especialmente em áreas rurais”, argumenta. Segundo o coordenador, a conscientização gerada pelas ações da associação também se estendem ao incentivo à prática saudável de atividades físicas, mudando hábitos de vida de muitos cidadãos que, ao se envolverem no ciclismo, passaram a ter uma relação mais ativa e saudável com a cidade. “Conhecemos rotas autoguiadas por todo o mundo e, em todos os lugares, tudo ao redor se beneficia. Aquela vendinha da esquina, o barzinho que faz o pão com ovo, a pousadinha da senhora que decidiu transformar sua residência para atender os ciclistas e peregrinos”, acrescenta Renato.
METAS
A Associação de Ciclistas Guarani, está em processo de consolidação. A primeira meta atingida foi a criação de uma carteirinha para seus associados. Com isso, o grupo agora parte para uma nova etapa, que é a avaliação e a implantação da Rota Guarani. O objetivo é criar uma rota de 242 km pela região metropolitana de Ribeirão Preto, para tanto, o projeto será dividido em três fases.
A primeira fase da rota contempla os municípios de Ribeirão Preto e Sertãozinho, bem como os distritos de Bonfim Paulista e Cruz das Posses. A segunda fase irá incluir Jardinópolis, Brodowski, Batatais e Santa Cruz da Esperança. Por fim, a última fase irá abarcar Serra Azul, Serrana, Cravinhos e Dumont. Feito isso, o próximo passo da Associação seria a criação de um mapa e aplicativo com todos os pontos de interesse ao longo do caminho; pontos turísticos, comércios, restaurantes, pousadas etc.
O objetivo é criar uma rota de 242 km pela região metropolitana de Ribeirão Preto
ATIVISMO PELA BIKE
No início de setembro ocorreu em Brasília o 13º Fórum Mundial de Bicicleta (FMB) e, simultaneamente, o 11º Encontro Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta e Cicloativismo (Bicicultura). O tema deste ano foi “Salve o planeta, pedale!”, inspirado na emergência climática e no papel do veículo bicicleta como instrumento de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. O evento reuniu, além de entusiastas da bike, especialistas em ciclomobilidade e gestores públicos que se destacaram em seus países e em cidades por experiências modelo em inclusão da bicicleta no trânsito. Renato Rodrigues Pereira foi o representante de Ribeirão Preto e do Ciclistas Guarani.
Antes de embarcar para Brasília, o empresário garantiu que levaria sua bicicleta junto. “Levo ela para todo o lugar que eu vou!”. Sobre o evento, Renato contou que as politicas ESG (Governança ambiental, social e corporativa) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) estiveram presentes nas pautas de quase todas as atividades. “Uma das atividades que foi apresentada por nós de Ribeirão Preto tratava exatamente isso, elencamos uma lista de possibilidades de empreender totalmente orientada a consumo consciente, reutilização de produtos, uso saudável e ações de inclusão social”, relata Renato.
PROPÓSITO DE VIDA
Renato é engenheiro, especialista em empreendedorismo, fundador da Startup Outbike e pai do Murilo. Em determinado momento da vida profissional, decidiu mudar totalmente o rumo de sua carreira. Pediu demissão de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a IBM. “Queria colocar meu sonho de empreender com o que mais gosto na vida, o esporte”, explica. Viajou para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, na busca por um novo propósito profissional que se conectasse com seus valores. “Voltei decidido a abrir um empreendimento que estivesse ligado ao consumo consciente, que fosse inclusivo, que não gerasse impactos na natureza”.
Voltando ao Brasil, reuniu quatro bicicletas que possuía e as colocou para locação em um site. “Meu negocio foi crescendo e decidi investir somente o dinheiro que eu conseguia com as locações, metodologia de crescimento orgânico que aprendi na FEA/USP Ribeirão Preto, da qual sou muito grato. Tudo sem financiamento ou empréstimos”, frisa. “Hoje, oferecemos mais de 250 bikes. Atendemos majoritariamente o seguimento Pessoa Jurídica, mas não tiramos o foco do produto que deu origem a empresa, a locação de bikes com os passeios urbanos e rurais, voltados às pessoas que desejam iniciar nas pedaladas. Fazemos palestras de empreendedorismo, Politicas ESG, ODS e atuamos no seguimento educacional com a Escolinha de Ciclismo”, acrescenta.
Desde cedo envolvido em ações relacionadas ao ciclismo, sempre enxerguei na bicicleta uma oportunidade de transformação. A cidade de Ribeirão Preto, com sua geografia diversificada e potencial para rotas urbanas e rurais, tornou-se o cenário ideal para unir amantes da bike em torno de uma causa maior. Sempre estive envolvido com iniciativas que envolvem a bicicleta. A ideia de criar algo maior, que envolvesse órgãos públicos, sociedade e o comércio local, veio de conversas entre amigos, também ciclistas, que viam no cicloturismo uma maneira de fomentar a economia e conscientizar sobre a preservação das trilhas.
A Associação Ciclistas Guarani nasceu, então, com a missão de promover o ciclismo como ferramenta de integração social e desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que incentiva a preservação do meio ambiente e das trilhas locais. A parceria com pequenos comércios ao longo das trilhas reforça o papel de impacto econômico que o cicloturismo pode vir a ter nas comunidades rurais de Ribeirão Preto.
“O cicloturismo é uma ferramenta de mudança social, promovendo um estilo de vida mais saudável, sustentável e conectado com a comunidade”, destaca Jian Carlos Framartino, coordenador administrativo da Associação
FUTURO PROMISSOR
Para Jian Carlos Framartino, a bicicleta é uma paixão de infância. “Era meu meio de transporte e diversão”. O amor pelas duas rodas foi crescendo e, anos mais tarde, o levou a dar continuidade à empresa familiar Ciclo Peças, uma rede de lojas em Ribeirão Preto, que hoje conta com três unidades. “Como sócio proprietário da Ciclo Peças, coordeno um grupo de pedais que existe há mais de sete anos, com foco especial em iniciantes. Sempre gostei de incentivar novos ciclistas, especialmente aqueles que estão começando.
O grupo foi criado com a missão de mudar hábitos de vida, e tem sido incrível ver como centenas de pessoas têm transformado suas rotinas e sua saúde por meio do ciclismo”, comenta. Jian destaca que o trabalho da Associação de Ciclistas Guarani e seu impacto em Ribeirão Preto demonstra que o ciclismo vai muito além de um esporte. “Ele [o cicloturismo] é uma ferramenta de mudança social, promovendo um estilo de vida mais saudável, sustentável e conectado com a comunidade. O futuro do cicloturismo na cidade promete ser cada vez mais promissor, com o apoio de iniciativas como essa”, conclui.